O texto de Ana Santos trata de um assunto bem conceitual: O que é arquitetura virtual? Qual a diferença e a relação entre virtual e digital?
As pessoas tendem a entender um projeto arquitetônico digital como uma arquitetura virtual, porém virtual não é necessariamente digital, embora possa ser; e o digital na maioria das vezes, não é virtual. Isto porque os projetos, em sua maioria, estão vinculados com suas funções, ou seja, são objetos, e principalmente espaços, com funções pré-definidas e limitadas, justamente o oposto do que sugere a arquitetura virtual, que nada mais é do que um conceito mais abstrato, que defende, além de liberdade, um processo aberto, afim de uma continuidade e interação com a pessoa, visando um maior bem-estar, por não limitar formal e materialmente os acontecimentos no ambiente. Dessa forma, problemas, soluções e outros problemas e outras soluções, estariam num local em que a flexibilidade os permitem explorar.
O digital é o que a tecnologia nos oferece de melhor, visando maior interatividade, maior praticidade, e problemas maiores também. Para a arquitetura virtual, o digital chegou como um forte aliado, capaz de nos fazer muito mais parte do projeto, ou seja, sermos uma ferramenta contínua de atualização do mesmo. Equipamentos eletrônicos, por exemplo, necessitam do nosso manuseio, e mesmo sendo fabricados em série, nos deixam livres para atualizá-los e completá-los a nosso modo.
E é justamente assim a ideia do nosso espaço virtual: “O Museu da Língua Portuguesa”. Quando entramos e nos deparamos com seu espaço digital, nos interagimos a chegar ao ponto de nos esquecer que estamos em um museu. Pois O Museu da Língua Portuguesa adota tal museografia a partir de um dado muito simples: seu acervo, nosso idioma, é um “patrimônio imaterial”, logo não pode ser guardado em uma redoma de vidro, e assim, exposto ao público.
O objeto em questão, o óculos 3D, reforça justamente essa ideia da realidade virtual, como um meio de reproduzir aspectos isolados do mundo físico no mundo digital. Mesmo não sendo um objeto eletrônico, necessita da interação direta para atingir seu objetivo. Por meio da sobreposição de imagens simultâneas com um pequeno deslocamento entre elas, conseguir algo tridimensional, efeito somente realizado pelo nosso cérebro.
No debate foram expostas muitas problemáticas com relação a essa crescente digitalização: meio ambiente, trânsito... E ainda acrescento algo muito discutido atualmente: a energia nuclear. A tecnologia, que é a mãe da digitalização, vem demandando uma energia além do que os meios “saudáveis” podem nos oferecer, a demanda é cada vez maior, mas esse é o dilema: não há como “regredir” para não causar danos, estamos numa busca constante por informação, informação esta que nunca será suficiente, e nessa corrida deste mundo moderno, caminhamos lado a lado com a tecnologia, levando junto uma constante virtualização das teorias. Nada fica de fora, nada está suficientemente pronto que não possa melhorar.
Fica a questão: Que tipo de arquitetura estaria apta a enfrentar um mundo em que, como diz o arquiteto Marcos Novak, “o plano morreu”?
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