O escultor apresentou à imprensa sua nova criação, de 35 metros de altura e 120 metros de comprimento, que em seu interior recria a atmosfera envolvente de um organismo vivo. O interior da obra simula o ventre de uma baleia ou de uma mulher grávida, enquanto por fora repete as formas polidas e arredondadas que caracterizam a obra de Kapoor.
Leviatã, abrigado pelo teto de ferro e vidro do Grand Palais, é um conjunto de três esferas conectadas a um quarto corpo mais amplo com o qual Kapoor, pretende "transmitir emoções", embora deixe a interpretação à vontade do público.
Para os menos experimentados na tarefa de decifrar a mensagem da obra, o artista adiantou que seu Leviatã é "uma grande força arcaica ligada ao obscuro", ou "um monstro condicionado por seu próprio corpo, que conserva regiões esquecidas de nossa consciência". A proposta do artista poderá ser visitada no Grand Palais até o dia 23 de junho durante o Monumenta, mostra anual que abre espaço para um artista plástico contemporâneo.
O criador, nascido em Mumbai em 1954 e radicado em Londres desde 1973, explica que um corpo escuro e translúcido de Leviatã é adequado aos desafios arquitetônicos da abóbada envidraçada do Grand Palais para que a luz tênue seja acolhida no interior da obra à medida que avançam as horas. A surpresa, no entanto, fica por conta do "monstro" que sai da "placenta": uma porta rotatória o expulsa das tripas da escultura e convida o visitante a contemplar a pele do corpo do exterior.
"São dois pontos de vista, interior e exterior, que requerem uma operação mental", explicou o escultor, que entende que sentir a diferença entre os dois mundos é um "exercício positivo" para compreender a complexidade intrínseca dos objetos. "Há uma relação entre o efêmero desta escultura, sua pele fina e o imponente peso, sua presença", resumiu Kapoor.
Essa cor, no tom do "sangue coagulado", é também o pigmento que cobre as dermes e as epidermes de Leviatã, escolhida para lembrar o interior do corpo humano, disse o reponsável pela mostra, Jean de Loisy. "É o vermelho da vida, do parto", acrescentou o principal responsável de Monumenta, que associou a obra apresentada em Paris com a Vênus de Willendorf, uma estatueta antropomórfica feminina de mais de 20 mil anos com formas obesas e que guarda traços de policromia vermelha.
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